Cuidar da saúde das crianças é um dos grandes desafios para os pais, em especial quando ainda não falam e não conseguem expressar o que realmente estão sentindo. É difícil saber a hora de levá-las ao médico, ainda mais quando se trata de problemas nos olhos.
É muito comum os pais acharem que a primeira ida de uma criança ao oftalmologista deve ocorrer na fase escolar ou quando algum sintoma manifesta-se. Ou seja, por volta dos quatro ou cinco anos. O que muitos não sabem é que aí já pode ser um pouco tarde, pois muito tempo de tratamento foi perdido.
Mas, com qual idade os pais devem levar uma criança ao oftalmologista?
Para começar, a primeira ida de uma criança ao oftalmologista acontece ainda na maternidade. Tão logo o bebê nasce ele passa pelo teste do olhinho, que é feito pelo pediatra e pode detectar algumas alterações que causem obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas.
Algumas crianças também nascem com o canal lacrimal obstruído e isso causa o lacrimejamento e a secreção purulenta, por exemplo. Em todos esses casos a identificação precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão.
Após essa primeira checagem, se tudo estiver dentro da normalidade, ainda no primeiro ano de vida é preciso levar a criança ao oftalmologista para um exame de fundo de olho. Avaliar se há algum grau importante e até mesmo para ela ir se adaptando às consultas com esse profissional. Desta forma, quando for necessária realização de algum exame com a colaboração da criança, tudo fica mais fácil.
Merecem atenção alguns sinais do bebê, como incapacidade de fixar o olhar no rosto da mãe ou em um objeto colocado bem próximo a ele, após a quinta semana de vida, e também, por volta do quinto mês, a falta de coordenação entre os dois olhos.
Porque é importante levar bebês e crianças ao oftalmologista com frequência?
Muitas das doenças que prejudicam a saúde ocular são assintomáticas – aliás em todas as fases da vida – e como as crianças não sabem dizer o que sentem fica ainda mais difícil.
A ida com frequência ao oftalmologista durante a infância é fundamental para identificar qualquer possível problema.
Após o Teste do Olhinho, e se este for normal, é recomendável uma consulta oftalmológica a cada seis meses, durante os dois primeiros anos de vida – alguns casos a orientação pode mudar e ocorrer em até três meses.
A partir daí os exames oftalmológicos devem ser repetidos anualmente, principalmente se houver casos de estrabismo, hipermetropia, miopia ou astigmatismo na família.
Essa supervisão mais próxima pode ajudar na descoberta de doenças oculares como catarata congênita, outras alterações de retina, glaucoma congênito, estrabismo, e o mais comum deles os erros refracionais: miopia, hipermetropia, astigmatismo.
Além disso, é importante saber que crianças prematuras podem apresentar uma alteração da prematuridade no fundo de olho, requerendo ainda mais atenção.
A efetividade do tratamento depende da frequência
Como sabemos, a prevenção é sempre o melhor caminho quando falamos da nossa saúde. Além disso, o tratamento precoce também costuma ser mais efetivo do que quando o diagnóstico acontece em estágios mais avançados.
Em alguns casos não é que os problemas serão evitados, mas se a criança for bebê no oftalmologista, ela vai ser tratada mais rapidamente. No caso da catarata congênita, agindo desta forma, a criança não vai ter sequela visual. O mesmo vale para os problemas refracionais, que muitas vezes podem regredir. Até tumor ocular, que pode ocorrer em crianças, pode ser tratado precocemente.
Conhecendo as principais doenças visuais na infância
Catarata congênita: é detectada com o Teste do Olhinho. O tratamento é cirúrgico e deve ser feito o mais rápido possível. Quando não há contraindicações, o período ideal para a cirurgia é entre a 8ª e a 12ª semanas de vida do bebê.
Infecções congênitas: quando a mãe adquire durante a gravidez algumas doenças infecciosas, como toxoplasmose, rubéola, sífilis, entre outras, isso pode comprometer o desenvolvimento físico e ocular da criança, levando ao surgimento da catarata, formação de lesões no fundo de olho e malformação do nervo.
Lacrimejamento: pode ser funcional, só pelo entupimento das vias lacrimais, ou persistente, com obstrução congênita. A massagem, na maioria das vezes, provoca bom resultado. Se não resolver, se faz uma sondagem.
Ptose congênita: trata-se de um olhinho mais fechado que o outro. O tratamento consiste em subir a pálpebra para o olho da criança receber o estímulo adequado.
Retinoblastoma: é um tumor na retina, com o qual a criança pode nascer. Se não tratado, o bebê corre o risco de perder a visão e eventualmente a vida. O problema é o diagnóstico tardio, quando os pais percebem na foto um olho com reflexo esbranquiçado e o outro normal, com reflexo avermelhado. Principalmente quando há histórico na família, o acompanhamento deve ser feito mais sistematicamente.
Retinopatia da prematuridade: quando a criança nasce prematura, a região ocular precisa se desenvolver mais rapidamente e este desenvolvimento estimula a formação e o crescimento de vasos, e alguns são anômalos, o que leva a sangramento, tração e descolamento da retina. O tratamento mais comum nesse caso é a fotocoagulação a laser, aplicação de anti-angiogênico e uso de medicamentos.
No caso de dúvidas, a melhor saída é sempre agendar uma consulta com o oftalmologista.